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A letra escarlate - Nathaniel Hawthorne


Primeiramente devo agradecer ao fórum Entre pontos e vírgulas que me deu a oportunidade de leitura desse livro por ser o livro do mês de maio, pois se não fosse por isso eu não teria lido o livro tão cedo.

Escrito por Nathaniel Hawthorne em 1850 é um dos clássicos da literatura norte americana, a edição que eu li foi lançada pela parceria da Companhia das Letras com a Penguim
Com esse texto pretendo expressar os meus sentimentos para com a leitura, estando longe do intuito desse texto o juízo de valor dessa obra para literatura mundial, mas sim a experiência proporcionada por ela a mim.

A letra escarlate se passa mais ou menos no século XVII, em Salem, na Nova Inglaterra. Época que os Estados Unidos da América ainda era colônia da Velha Inglaterra, ou simplesmente Inglaterra.  E tem como personagem principal Hester Prynne.

Conhecemos nossa heroína, em seu momento de desgraça, ela está saindo da prisão com a sua bebê nos braços, para exposição em praça pública, por causa de seu crime: o adultério, e por causa deste ela carrega a letra A em escarlate bordada a roupa. Condenada a usar a marca do adultério para o resto da vida e com o fruto do seu pecado nos braços, Hester Prynne assume o seu destino sem reclamar.

Pontos que é possível notar ao longo do livro: A constante marca de religiosidade em cada personagem, sendo elas boas ou ruins, sempre havia uma marca relacionada a religião,"Como anjo" "como santo" "Bruxaria" "fadas e duendes"

Não sei como chamar esse tipo de narrativa, mas o autor conta a história em terceira pessoa, mas mesmo com essa visão temos a percepção dos sentimentos e pensamentos dos personagens em vários momentos. Por isso o livro que tem como protagonista uma mulher, resignada, angustiada e repudiada, nos deixa com esse sentimento de angustia muito latente, pelo menos foi para mim, a observação dela do mundo das pessoas era angustiante, ver como ela reagia a tudo aquilo, ou melhor não agia. A passividade da personagem era de enlouquecer a leitora passional que vos fala.

Não sei se característica da personagem ou puritanismo do autor, sempre que a filha de Hester, Pearl, fazia lá suas extripulias e maldades para com a mãe, malcriação normal de qualquer criança, a mãe sempre pensava como filha do demônio, fada, fruto do pecado, como se o lado negro que existe na menina, o lado rebelde era porque a pequena era fruto de um pecado, como insistia em nos lembrar o autor.

Ao entendermos a história de Hester percebemos o quão dolorosa foi a sua vida, assim como a dos outros personagens que rodeiam a história como coadjuvantes desse drama, vivido por uma mulher e sua filha. E a luta da mesma para conseguir manter a si e a filha, e ainda ajudar aos outros.

O sentimento de angústia é algo que prevalece todo o livro, por vezes por causa da passividade da personagem julguei-a louca; 

As referências a Inglaterra sempre tinham algo de mágico relacionado a possíveis seres da floresta de cunho pagão;

Devo dizer que A letra escarlate conta uma história muito linda e muito triste e que abre os nossos olhos para conceitos do que é pecado, remissão, a culpa e principalmente a vingança.

Que como  já dizia o Seu Madruga " A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena". 

Um dos personagens desse livro comprova que essa frase é a mais pura verdade.

A escrita de Nathaniel Hawthorne é bem descritiva, mas de um modo quase poético. A sua maneira de descrever características intangíveis dos personagens sendo eles humanos ou não, era algo que foge de tudo o que já vi. Ele foi capaz em uma das cenas do livro de tornar um riacho um personagem, até mesmo a letra estampada no peito de Hester tinha um peso muito mais estigmatizante do que se pensa.

Toda a escrita dele sempre nos leva a deduzir, quase nada é dito diretamente, quase tudo nos leva a reflexão, e isso é que diferencia um clássico de um livro meramente comercial. Não estou dizendo que um livro mais comercial não tenha seu mérito, não é isso, apenas estou dizendo que quando lemos um livro como esse, entendemos por que ele é um clássico, Nathaniel não abusa de um vocabulário rebuscado, esse livro curto pode ser lido de uma vez, dependendo da rapidez do leitor e causar uma reflexão muito bonita.

Não é apenas o vocabulário que deixa um texto valoroso, é principalmente como ele te conduz, como a narrativa te insere nos sentimentos dos personagens, a antipatia que você pode ou não ter por eles, ele te induz até certo ponto mas deixa você sentir e pensar livremente as questões trazidas e os personagens apresentados.

Dei 4 estrelas no Skoob, por uma parte do livro que eu achei um pouco lenta e desnecessária, mas que se eu contar, será um spoiler e dos grandes.

Um clássico para ser lido e degustado.

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