Continuando
o texto anterior, vamos falar sobre a minha aversão a persistência,
ou atração pela autossabotagem, ou ainda, simples covardia.
Acho
que covardia é o nome certo para essa “coisa” que me acomete. Se
você é uma pessoa super “Não desista dos seus sonhos”, “Viver
vale a pena” e “Desistir jamais!” tudo o que eu vou falar aqui
vai soar praticamente incompreensível, mas vou tentar explicar como
é, mas já digo logo que não sei o porquê, e que não chegaremos a
conclusão de nada no final do texto. Já você que assim como eu é
um desistente, fique, se identifique, e perceba que você não está
só.
Bom,
a explicação é que tudo o que começa com certa animação e
interesse chega a um ponto que demanda esforço, desafios que podem
ser ultrapassados por pessoas normais, mas não por mim. A decisão
de começar qualquer coisa, antes até me animava de verdade, mas
hoje em dia eu só sei que será mais uma coisa inacabada na minha
vida. E além de não conseguir terminar quase nada que eu me
proponho a fazer, as coisas que eu faço até o fim, são destruídas
por mim se tornando nada mais do que um tempo perdido no passado.
Não
está entendendo? Eu explico.
De
álbuns de figurinhas não terminados, blogs que nunca vão para
frente, ideias de livros que não passam da quinta página, dietas e
dietas, faculdades, sonhos de viagem, amizades, ou seja, uma
infinidade de coisas, das mais bobas às mais significantes. Todas
elas chegam a um ponto que eu simplesmente não ligo mais. Um
obstáculo e eu penso “Por que insistir se eu posso desistir? É
tão mais fácil” E BUM! Mais uma frustração para coleção.
Eu
sei, eu sei, está tudo errado eu tenho mesmo que mudar e blá, blá,
blá…
Mas,
se fosse fácil eu não falaria disso aqui, não é mesmo? Estaria
fazendo qualquer uma dessas coisas ou outras tantas que não listei
aqui, em vez de escrever sobre o assunto. Mas, o buraco é mais
embaixo. Entra também no caso de eu me desinteressar pelas coisas,
ou ainda, não sei… fico sem vontade de viver, e as vezes dá até
uma certa crise de ansiedade ao pensar que tenho que fazer algo que
eu não quero, porque eu tenho que fazer. Esse momento está
acontecendo agora (Olha eu datando o texto!). Estou a ponto de sair
de casa para imergir em uma sala de aula de um colégio estadual, e a
um mês eu estou surtando por causa disso.
Ontem
ocorreu mais uma autossabotagem, não fui a uma aula que não poderia
perder e simplesmente dormi o dia todo, eu não conseguia me manter
acordada. Será meu consciente querendo me desligar para eu não
sofrer com a ansiedade? Pode ser. Ansiedade também é um papo
complicado que fica para outro texto.
Mas,
eu vou continuar esse aqui, porque quero continuar a discutir esse
lance da desistência, colocando em pauta uma das discussões que
mais tenho ao explicar o meu ponto de vista sobre a série “The
Walking Dead”. Eu assisti apenas até a segunda temporada, se não
me engano. E quando eu digo que aquela série não faz sentido para
mim, as pessoas se ouriçam. Diferente do que você pode estar
pensando, meu problema não é com a temática zumbi. Fantasia é um
dos meus gêneros favoritos, e é bem trabalhado na série, meu
problema é com o fator humano da história. Mais especificamente com
a motivação deles em continuar existindo.
(Caso
você não tenha visto algumas temporadas da série, terão alguns
spoilers, fique por sua conta em risco. Mas, eu não passei da
segunda temporada então…)
Simples.
Chega a um ponto do seriado que os personagens percebem que, com o
perdão da palavra, foi tudo para o caralho. Os zumbis dominaram, o
cientista que pesquisaria a cura, desistiu. As comunidades
resistentes não resistem tão bem assim, os seus amados já se
foram, eles estavam se apegando a qualquer um que encontrassem, e
principalmente, você está condenado. Estando vivo só se fode,
sofre e foge e estando morto, vira zumbi de qualquer maneira. Agora
alguém ainda me explica, porque CARALHOS viver num mundo fodido
desse? Continuar se fodendo por toda a vida, sendo que toda a ajuda
que poderia ter eles já sabem que foi para o saco?
Não,
obrigada. Suicídio, bem melhor.
Já
tentaram me falar do “instinto de sobrevivência”, mas essa é
difícil de engolir. Luta-se para se manter vivo só porque sim? Nada
mais? Isso é suficiente?
“Vou
me ferrar aqui pra continuar vivo, pra continuar vivo e me ferrando
pro resto da vida”
Não
faz sentido!! Desculpa, mas não faz. O motivo tem que estar na
esperança de um lugar, uma cura, de sair daquela realidade de merda.
Agora continuar vivendo simplesmente porque sim, sem vislumbre de
melhora, desculpa mas não dá. Eu desistiria fácil fácil. E ainda
ninguém conseguiu me convencer de um motivo realmente bom para
continuar vivendo num apocalipse zumbi.
Hoje
em dia está complicado até de eu mesma me convencer e continuar
vivendo na vida comum.
O
mundo anda meio estranho, o Brasil está cada vez mais repugnante, e
eu cada vez mais desistente. Das pequenas e médias coisas, as
grandes eu ainda não desisti, tenho esperança de melhora, mas anda
complicado galera… Muito complicado.
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